O governador da Bahia criticou o passeio de motocicleta do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e a aglomeração causada pela movimentação, que, entre outras bandeiras, pediu a intervenção militar e cassação de ministros do Supremo Tribunal Federal. O ato aconteceu no último domingo (23), no Rio de Janeiro.
Em entrevista a Mário Kertész, na Rádio Metropole, Rui Costa (PT) disse que "nada aquilo é impensado". "Ele (Bolsonaro) reaglutina a seita dos seus seguidores sempre que está acuado. Ele aprofunda e radicaliza esse comportamento. Nada disso é impensado,tudo é planejado. Enquanto isso, o Brasil vive uma tragédia social. A fome voltou no Brasil. Vários lugares no Brasil pedindo comida. Nunca vi tanto desprezo pela vida humana em uma pessoa. Felizmente, esse é um pesadelo com data para acabar", disse.
Questionado por Kertész sobre os efeitos da CPI da Covid na imagem do governo Bolsonaro, Rui Costa disse que a comissão "tem ajudado as pessoas a reconhecerem os erros do presidente". "Ele opera na manutenção do casos, na permanência da violência e em causar o medo na população. Quem age neste mesmo formato é a milícia no Rio de Janeiro. E é isso que temos que combater", afirmou.
No campo da administração pública, Rui Costa falou sobre os seis anos à frente da Bahia e disse que, desde o começo, "nunca pegou uma única brisa favorável" — citando a cassação de Dilma Rousseff (PT), em 2016, e os sucessivos governos de Michel Temer (PMDB) e Bolsonaro (sem partido). Rui comentou também novos decretos que restringem o toque de recolher (das 22h às 20h) e o consumo de bebida alcóolica no estado, publicados no último sábado (22).
"A pandemia é resultado do comportamento das pessoas. O que determina mesmo o contágio é o comportamento das pessoas. E o consumo de bebidas tem relação com isso. Por isso estamos de alerta ligado e tentando conter festas, tanto em locais de classe média, como em locais populares", disse.
O governador criticou ainda Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) pela demora em liberar a vacina Sputnik V, produzida pela Rússia e comprada pela Bahia. "A Anvisa fica exigindo formatos e não o conteúdo do material. Pede um modelo de Excel e não o que contém aquele relatório. Mas para atender os burocratas enviamos os último documentos pedidos e estamos aguardando a chegada de 2 milhões de doses da Sputnik V, o que pode ampliar nossa capacidade de vacinação dos baianos para 8 milhões de pessoas", afirmou.
Perguntado sobre o crescimento da Covid-19 no Brasil e Bahia, e se isso indicaria uma terceira onda, o gestor disse que ficou difícil determinar onde termina a segunda e começa a terceira onda.
"Temos um crescimento da doença na Bahia desde março, onde tivemos mais de 3 mil óbitos. Foi o pior mês da pandemia na Bahia desde o começo. Aqui ainda temos outra realidade terrível é que as pessoas estão abandonado a máscara, como fizeram nos Estados Unidos, achando que o vírus foi embora. Lá, nos Estados Unidos, eles tiraram o presidente irresponsável. Aqui ainda não. Aqui o presidente é aliado do vírus. Não comprou vacina na época adequada. Ele acredita na tese que, quanto mais pessoas foram contaminadas, mais rapidamente o vírus vai embora", pontuou.
Rádio Metropole